Christina Fontenelle
22 de agosto de 2016
Eu sei que tem gente, não sem razão, que não queria que por
aqui tivesse havido essa Olimpíada. É, nós sabemos que a tradição por aqui reza
que o legado sejam dívidas. Dívidas para a gente pagar. Mas, eu acho que desta
vez houve pontos positivos que não podem deixar de ser mencionados. Resolvi
enxergar o copo meio cheio desta vez.
Começando do começo, vamos falar da abertura. Sim, ela
tentou ser ‘politizada’, mas não conseguiu. O que ficou daquela festa, de
verdade, foi o jeito brasileiro de fazer limonada com a amargura dos limões que
recebe de quem os governa. Ficou a marca de como o que é simples pode ser
espetacular também, se for cercado por amor e por alegria. E eu, que já andei
por muitos lugares desse país, sei que isso é sim a mais verdadeira tradução do
espírito de ser brasileiro. A tal da glamorização da favela, da cultura do
funk, da distorção de nossa História, da exaltação do falso aquecimento
global... Puff! Desapareceram no ar!
Ao contrário do que muita gente que analisa apenas números
está dizendo, apesar de só termos melhorado 2 pontos em relação às medalhas que
ganhamos em Londres (17 contra 19 nestes Jogos), passamos de 22° para 13° no
quadro de classificação por medalhas. Isso não é pouca coisa para um país tão
judiado pela realidade política e econômica como o nosso.
Em compensação, o que foi que o Brasil ficou sabendo sobre o
Brasil nesta melhora relativa no desempenho esportivo?
Ficou sabendo que o Programa de Atletas de Alto Rendimento
idealizado dentro das Forças Armadas em 2008, por causa dos Jogos Militares de
2011, e abraçado pelo Ministério da Defesa, mostrou-se um sucesso! O que pode
fazer com que muitos empresários despertem para o retorno que investir em
atletas e esportes das mais variadas modalidades, pode dar um bom retorno
publicitário e ser um ótimo negócio. Foi uma das maiores e melhores propagandas
que as Forças Armadas brasileiras puderam fazer de si mesmas, gastando apenas
R$ 18 milhões em 8 anos!
O Brasil ficou sabendo também que não há regra ou receita
para que um garoto ou uma garota qualquer, seja de que parte for desta imensa
nação, de qualquer classe social, em tendo uma oportunidade, possa conseguir o
inimaginável! E que, como nos esportes, também assim o farão em qualquer que
seja a área de atuação. Temos é sede de oportunidades – e não somente nos
esportes! Isso não é novidade. O novo é podermos ver com nossos próprios olhos
que temos milhões de jovens que querem e podem estar no caminho correto!
Milhões de jovens não estão ‘perdidos’ não! Não são o que nos mostram insistentemente
na TV.
O Brasil ficou sabendo que ainda é uma nação – enorme, cheia
de problemas, diversa e diversificada... Mas, uma nação! Um continente que fala
a mesma língua, que torce junto, que sofre junto. Não! Não conseguiram nos
dividir, ainda que a imprensa amestrada insista em propagar o discurso
divisionista que, em fingindo ser defensor de oprimidos, pretende acirrar as
disputas de classes, as raciais, as sexuais.
O Brasil ficou sabendo que ainda é muito, mas muito mesmo,
cristão! A imprensa tentou não dar destaque às manifestações religiosas de
nossos atletas vitoriosos, mas as imagens e as falas foram mais fortes.
Uma nação que ama e se mistura com suas forças militares e
que carrega sua fé em Deus para suas vitórias jamais sucumbirá ao comunismo. Os
exemplos de sucesso de nossos atletas, e até de alguns estrangeiros adotados
por nós, mostram todos esses bons valores. Quantos meninos e meninas estão
sendo salvos de suas próprias tragédias pessoais por causa destes exemplos?
Será que se essas Olimpíadas fossem em outro lugar qualquer do planeta estas
mensagens estariam tão evidentes assim para todos nós?
O Brasil também ficou sabendo que tem competência sim para
garantir a segurança de milhões de pessoas, em grandes eventos. Mostrou durante
a Copa do Mundo de futebol, em 2014, e repetiu a dose agora, nestas Olimpíadas.
Em consequência disso, o país inteiro pode ver que, se a segurança pública não
estivesse nas mãos de quem tem interesse em que ela não seja eficiente,
estaríamos muito bem obrigada neste primordial quesito para a saúde de uma
sociedade. Nossas forças de segurança, civis e militares, podem sim fazer um
trabalho de excelência – nosso problema é de decisão política!
E, claro, é sempre bom lembrar que estivemos trabalhando em
conjunto com centenas de estrangeiros que nos ajudaram também a fazer das Olimpíadas
o sucesso que foi.
Deu tudo certo! Sim, fomos organizados à maneira carioca de
ser, é verdade. Nosso forte mesmo é a alegria e o jeito hospitaleiro, caloroso e
festeiro de receber. Houve falhas, houve erros – muitos corrigidos a tempo,
mesmo que de última hora. Houve os crimes de sempre, principalmente fora das
zonas de segurança olímpicas, com os quais o carioca, infelizmente, convive
diuturnamente. Os cariocas também enfrentaram problemas com o trânsito, que
ficou mais engarrafado do que de costume, em muitos dos dias de competição.
Mas, o pessoal credenciado para o evento não viu nada disso. O planejamento dos
corredores especiais para que transitassem pela cidade, mais todo o
investimento em transporte público funcionou muito bem. Nestes dias de
Olimpíadas, o Rio viveu um pouco mais em paz e ganhou espaços públicos para
lazer que trouxeram um alento merecido aos cariocas. Sem falar no dinheiro que circulou
por aqui, garantindo empregos e impedindo a falência de mais estabelecimentos
ainda do que andamos vendo aumentar incessantemente nos últimos tempos.
O Brasil mostrou ao mundo que essa gente que nos governa, e
que nos difama mundo afora como ladrões, não nos representa. E jamais nos
representará de verdade, pelo menos em sua maioria, enquanto o Tribunal Superior
Eleitoral for em si mesmo o responsável pela organização, avaliação, aplicação
e fiscalização de todo o processo eleitoral; enquanto nossas urnas não forem
modernizadas, bem como imprimirem os comprovantes de voto; enquanto os mesários
tiverem acesso a uma listagem com os números dos títulos dos eleitores. Isso
sem falar nos eleitores que são reféns de criminosos, que exigem votos de
cabresto, em lugares onde quem manda é um estado paralelo. É por isso que quem
manda por aqui faz coisas tão distintas dos anseios populares.
Os Jogos passaram, como passou a Copa do Mundo, e tudo volta
ser como antes. Voltamos à nossa rotina de escândalos de corrupção, de
desmoralização das instituições (principalmente da Suprema Corte), aos crimes
hediondos, aos golpes de engenharia social engendrados pela mídia e por boa
parte dos profissionais de educação e de cultura. Voltamos à rotina
estupidificadora que vitimiza as sociedades nas quais a esquerda tem hegemonia
cultural e institucional. Acontece que, diferentemente do que aconteceu depois
da Copa do Mundo, NÓS é que não estamos mais como antes. Vocês vão ver que,
para desgosto de muita gente poderosa, o Brasil se reencontrou com aquele
Brasil que amava. E isso tem consequências. Boas consequências. Quem viver
verá!